sábado, 24 de novembro de 2012

Pequeninice




Sou um rapaz pequeno. E dizem que no meu coração não cabe muita coisa.

Pois digo que sou mesmo um rapaz pequeno, mas no meu coração cabe tanta coisa, que parece não ter espaço para nada.

Não é todo dia que lembro de alguém ou sinto saudades. Se sinto saudades de você por um dia, aproveite! Meu coração é mundano, e as pessoas fazem disso uma pequeninice. Ora, me deixa gostar de você por um dia e voltar a te amar daqui um ano. Não dá para lembrar de todo mundo todos os dias, é muita gente para um rapaz tão pequeno.

Uma vez me falaram: "Você é um rapaz muito pequeno, mas sua vontade é maior que o universo inteiro."  Não entendi muito bem o que o senhor quis dizer, diziam que ele era velho e pessoas velhas são sábias, mas na época não tive idade para entender.

Se você não tem idade para entender, explico-lhe: Eu quero tudo. Bom ou ruim, eu vou querer tudo.

Não importa se é de uma vez, se vem aos poucos, se vem roubado ou se preciso pagar, tudo.

E de tanto querer tudo, você deve pensar, acabei não tendo nada. Pois engano seu. Sou um rapaz pequeno e muito feliz, feliz porque tudo o que eu quero, ninguém no mundo vai me fazer parar de querer.

Pode pensar que sou baixinho ou que apenas minha altura é pequena, talvez eu seja um anão, mas engano seu, novamente, sou pequeno sim, mas só porque todas as pessoas sempre dizem ser grandes e no fundo não são equivalentes nem mesmo ao tamanho de seus sonhos.

Sou um rapaz pequeno, mas mudo todos os dias, mudo toda hora e isso me faz ser maior que muita gente de coração pequeno que vaga por aí.

domingo, 11 de novembro de 2012

Voando com os pés na terra



Eu que sempre tive mania de voar, agora permaneço com os pés no chão.

Era sempre lá, no céu, nas alturas vendo as pessoas como formigas transitando pelo chão sujo. Me avisavam que esse complexo de passarinho um dia iria sair da gaiola. Alguns diziam somente que uma de minhas asas ia se quebrar e o medo de levantar voo iria me fazer fincar as garras em algum lugar fixo.
A verdade é que simplesmente parei, como se o sentido de fechar os olhos e imaginar o céu inteiro sendo meu, estivesse sumido.

Não sou Peter Pan, muito menos Mewtwo, e nunca serei Goku. Pra quê voar?

Passei a vida inteira tentando ser um herói que me salvasse de mim mesma, mas não passei de um passarinho com o coração ferido tentando fugir da Terra. É fácil fechar os olhos e imaginar um mundo com dinossauros, robôs e seres intergaláticos. É fácil ir até lá quando se sabe voar. Pular da janela e ir visitar lugares onde essas pessoas com ego inflado que convivemos, jamais pisarão.

Mas não posso forrar uma cama no céu e dizer que lá é meu lugar. Não posso criar uma estante de nuvens e depositar meus melhores livros e filmes. O céu não é lugar para as pessoas. O lugar das pessoas é no chão, comendo a comida que vem da terra suja e dizendo que assim que é saudável.

O problema é que faz algum tempo que abro meus braços e não alcanço voo. Pulo, me machuco, bato asas e caio no piso de concreto. É como se minha mente estivesse nova e meu corpo pedindo sossego. Se não da mais, não insista.

Eu que sempre tive mania de voar, agora permaneço com a imaginação no céus, e meu corpo na Terra. Tá na hora de ser o super herói de mim, quem sabe um dia, não viro um super saiyajin e consiga levantar voo novamente.