sábado, 21 de fevereiro de 2015

Esporádico


Canto e conto de amores desde que nasci. Na escola fui a primeira a me apaixonar, e beijei mais cedo do que aprendi amarrar o sapato. Sofri mais que coração de gente grande, mas era opção. Sofrer é opção.

Nunca fui a melhor em nada, e sabia disso, por isso escolhi o amor.

Acredito que descobri sobre sentimentos com meu primeiro cachorro, os pais não sabem, mas as crianças são muito sozinhas. Meu cachorro deitava comigo na lavanderia em noites de festa barulhenta e me acompanhava quando ia almoçar sozinha no quarto. Meu primeiro pedido de desculpas, foi para ele. Se para os adultos assumir um erro é devastador, imagine só para uma pessoa de seis anos. Gritar com meu cachorro me fez descobrir o quão é difícil ter medo de perder. Então vi que amor é gritar, berrar, e se arrepender de ter feito isso, mas saber que vai fazer de novo, porque a vida não é sorriso todo dia. Bóris sabia que o amava, por isso mesmo quando eu estava de cara fechada, sempre veio me pedir comida na beirada da cama. 

Quando falamos de primeiro amor, sempre vem o amigo do prédio, a menina do pai bravo no outro lado da rua, ou algum esteriótipo que cada um e todos tem uma história para contar. 

Acredito no amor porque ele não se trata de pessoas.  As pessoas estão ali e dão veracidade ao amor, sai da utopia, foge do platônico. Os momentos estão ali para causar arrepios, sufocos, inverdades, pensamentos, ilusões. As histórias e lembranças que fazem virar a cabeça, querer fazer voltar atrás ou seguir em frente. 


Saio por aí falando sobre amor pelo fato dele viver em tudo que sinto. Nos meus amigos, nos meus gatos, no sorriso entregue à moça que limpa o chão onde trabalho, em uma cena de filme inesperada.

Ele vive na solidão. Na vontade de explodir e mandar a pessoa nunca mais aparecer por perto, e na vontade de ligar e pedir pra não ir embora tão cedo, não ir embora jamais.



Podem se espantar e até julgar pela minha vontade em acreditar no amor e ceder a mão, o braço, o corpo para quem precise.

Só que a vida tem dessas coisas:

Os tolos que não acreditam, e os tolos que dão graças aos céus por conseguirem acreditar.