sexta-feira, 27 de março de 2015

Não será eu

Quando pensei que não existia nenhum restinho de você dentro de mim, quando deslumbrei que o tempo, pouco tempo, havia melhorado tudo ao meu redor, e quando delirei que talvez fosse melhor realmente parar de chorar pelos cantos, sua notícia corre por todas as minhas veias e me faz ser essa menina fraca, isolada e com uma tristeza descomunal novamente.

A facilidade de ir embora, de largar em qualquer lugar como se fosse um guardanapo velho, e imaginar que, quem sabe, fique tudo melhor assim. A frieza, a força que tirou sabe se lá de onde para sair por aí, cantando felicidade, sorrindo pela fumaça do cigarro e vivendo uma vida que talvez seja a melhor para você. Conversando com pessoas vazias, se tornando uma pessoa vazia, sendo quem só me trará vergonha de sentir esse tal amor.

Temo que será a única que meu coração não vá querer voltar atrás. Foi tudo tão insensível, feito com tanta brutalidade sobre algo que não merecia tanta indiferença, e rezo, por Deus, rezo para que meu coração não queira jamais voltar atrás.

Pelas noites em claro que passei chorando e abraçando todos e cada um de meus amigos. Pelos dias em que quis parar tudo e sair do meu corpo só pra não sentir na pele. Pelas tardes de chuva que me forcei a sair e correr por não ter pra onde ir. Pelos remédios que tomei para dormir, e não consegui pegar no sono. E, principalmente, por tudo o que você jogou fora. Sem pensar sequer uma vez, também lhe desejo tudo que houver de melhor no mundo, mas é um alívio saber, que dessa e na próxima vez, não será eu.

domingo, 15 de março de 2015

Hoje, a partir, de

A partir de hoje, começarei à tomar café no sofá, sem fumaça de cigarro em meus cabelos. A partir de hoje, jogarei meu salto em um canto qualquer, limparei a maquiagem do rosto e não pensarei em usar tão cedo. Falarei que estou cansada e fecharei todas as portas da minha casa, do meu quarto, de mim. A partir de hoje, não ouço mais músicas tristes. Não ouço mais músicas felizes. Não quero fingir ser alegre, e não quero lembrar tanto sobre a tristeza. A partir de hoje, não irei engolir meus remédios com gosto de lágrimas. Não irei responder mensagens, tampouco, criá-las. Quero que passe longe de mim convites, cobranças, coração. 

A partir de hoje, não irei mais fazer comida, enlatados serão meu prato preferido. Meus gatos vão me ter vinte e duas horas por dia e meu cabelo vai crescer até as costas, pois não verei o tempo passar. A partir de hoje, vou ler todos os meus livros, estudar todas as apostilas, e entender quaisquer filmes. Não vou ter beijos em minha boca, mãos em minha pele ou peito colado no peito. Mandarei embora qualquer forma de possibilidade de amor. 

Não atenderei telefonemas, a partir de hoje. Não direi que estou com saudades ou que preciso ver alguém. Mandarei cobrir todas as minhas janelas com cortina preta e comprarei um novo cobertor. A partir de hoje, não mostro para ninguém os melhores restaurantes, não levo aos melhores lugares, ou planejo viajar para longe. A partir de hoje, mandarei as cartas feitas no computador para à lixeira e as escritas para o fundo do armário. Não aceitarei convites de festas, bares e filme em casa. Serei somente só, a partir de hoje.


A partir de hoje, não irei mais chorar, bem menos rir, mas ao menos, irei esquecer.